terça-feira, 20 de setembro de 2016

CONFISSÃO 8

16 anos. Há exatamente 16 anos eu dava meu primeiro beijo em você. O que foi ele para mim? O céu! Cheguei a ele sem nem perceber a enrascada em que eu estava me metendo.

Após o primeiro beijo lá se foram uns seis anos, pelo menos, da minha adolescência jogados fora por você. Quantas coisas eu poderia ter feito se não estivesse trancada em meu mundo ilusório sonhando com o dia em que você olharia para mim e diria que eu sempre fui o seu amor.

Ok! Vamos virar a página, você consegue! Consegui… consegui? Distância: essa foi a saída. Distanciei-me de tudo que pudesse me lembrar de você (ou ao menos pensei que estivesse fazendo isso). Mas um perfume, uma música, um sorriso… pequenas coisas do dia a dia me faziam viajar para os seus braços, para aqueles poucos momentos passados contigo.

Nessa história eis que se vão mais alguns anos. Sim, acompanhei você pelos bastidores da vida. Uma foto, uma conversa, um post qualquer… pequenos fragmentos vistos por de trás da cortina. Aquela vida da qual eu não fazia parte, mas que eu sonhava em ser minha.
Opa! Acho que tenho uma segunda chance! (Ou será que você quem estava tendo essa chance?)

O reencontro foi mágico! Como eu ansiava por esse beijo… exatamente igual ao daqueles da adolescência! E agora? Você estava na minha casa, tomando banho no meu banheiro. O que eu faço? O que vai acontecer? Respira! Oxigena o cérebro! As coisas vão se encaminhar. Sorria e acena!

Uou! Céu de novo! Acho que caí na armadilha mais uma vez… Vamos com calma, lembra daqueles seis anos? Take it easy, girl! E eu fui com calma, juro! E alguns momentos foram se tornando mais próximos. Como eu conseguia ter tanta intimidade com você em tão pouco tempo? Parecia que estávamos juntos há anos. Estar juntos? Acho que não…

É… e foi assim que a coisa se mostrou! Eu estava com você, mas e você? Você estava comigo? Verdadeiramente comigo? Porque muitas vezes o seu olhar me mostrava que você estava em qualquer lugar, menos aqui. E todas as vezes em que você esteve aqui, parecia que depois se arrependia e ia para mais longe ainda. Mas por quê? Será que já não era tempo suficiente para você me querer ao seu lado? Acho que não…

Não? Por quê? Porque esse nunca foi seu real desejo, hoje eu vejo isso. Sempre foi muito cômodo para você me ter por perto. Isso já tem 16 anos. Não era amor nem nunca foi. Você nunca me amou e nem nunca vai me amar. Já me doeu muito pensar isso, mas agora não dói mais. Não dói não por eu não te amar, mas por saber que eu fiz de tudo para que você me enxergasse como uma possibilidade e ainda assim nunca fui.

Você me falava para eu ter calma, pois ainda tínhamos tempo. Acho que esse tempo se esgotou. Como eu posso despender todo meu tempo para você se você não me faz o mesmo? Não, eu nunca quis que você deixasse de fazer suas coisas para ficar comigo, mas muitas dessas coisas eu poderia estar junto. Poderíamos ter feito tantas coisas juntos, mas você me excluiu completamente da sua vida. Analise: o que vivemos juntos nesse último ano foi ruim? Para mim não. Algumas turbulências no caminho, mas não foram ruins. Então por que não você me incluir na sua vida assim como eu te incluí na minha?

Mas agora deu. Não consigo mais me doar para você. Não tenho mais estrutura para suportar essa situação, esse “jeito safado”. “Coração machucado” não dura para a vida toda. Sim, “você não me esqueceu, nem muito menos eu”, mas prefiro manter na lembrança todos os momentos maravilhosos que tivemos a destruí-los com cada rejeição sentida.

Uma vida linda se estendeu à nossa frente, mas ela nunca esteve ao nosso alcance. Reciprocidade não existiu e um amor sem isso não dura. Vivi com você tudo o que sonhei durante aqueles seis anos chorando no quarto. Cada toque, cada sensação boa sentida… tudo vivido está marcado tão profundamente na minha alma que nada nem ninguém serão capazes de apagar, mas não consigo mais.

E você sabe que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria. Planos de vida tão díspares não são capazes de caminhar juntos por muito tempo. Meus sonhos nunca foram compatíveis com os seus. Meu ritmo nunca bateu com o seu.

Acho que é o fim. Mas não é um fim triste. É apenas uma despedida em frente a uma bifurcação onde cada um de nós decidiu tomar um caminho. Sim, te amo, te amei e sempre te amarei. A promessa daquela garota boba feita na última matéria do seu caderno existirá para sempre, mas nosso momento acabou.

Se nossa história for para sempre, talvez nossos caminhos se cruzem. Se não for, obrigada por me fazer feliz, mesmo que em pouco tempo. 


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