quarta-feira, 16 de maio de 2012

CONFISSÃO 6


Há momentos na nossa vida que começamos a refletir sobre coisas que passaram e como deveríamos ter nos comportados nessas situações. Sim, são muitas atitudes que poderiam ser diferentes, mas, por estarmos cegos, não conseguimos perceber que aquilo não está certo, e mesmo assim tentamos levar em frente algo que não tem mais solução. Não, não tenho arrependimento de nada do que já fiz. Arrependo-me apenas de ter esperado algo de alguém, algo que sabia que não teria, mas esperei mesmo assim. No fundo pensamos que mais dia menos dia a mentalidade mudará e então nos perceberá. Mas esse dia não chega. Tentamos, de alguma forma, mostrar que faríamos falta caso fossemos embora, mas percebemos que não fazemos parte das prioridades de sua vida. Então, ficamos tristes, pois todos os dias, desde que se viram, ela não sai do nosso pensamento, mas nós nunca estivemos no dela. Ainda tentamos retomar algum laço, aquele que foi quebrado devido aos enlaces da vida, mas não dá, não conseguimos reconstruir algo que se partiu. Falta alguma coisa, aquela sintonia não existe mais. E mesmo assim lembramo-nos de tudo que foi passado junto e percebemos: foi bom, mas ficou no passado. Não adianta tentar trazer para o presente algo que não faz mais parte da nossa vida. Algo que não depende apenas de uma pessoa para acontecer, mas de uma mutualidade que não há. Não por você, mas por ele, que te tratou como se fosse apenas um passatempo, como um brinquedo barato que não se precisa ter consideração, porque tem vários outros. Mas não, você não é esse brinquedo!, e ninguém pode chegar e dizer o contrário…

sábado, 12 de maio de 2012

I CAN'T LIVE WITHOUT...


I can’t live without your love
Dan Torres

Don't be afraid if I'll go crazy for you
Don't be surprised if I'll fall at your feet
I don't care about what they think of me
I don't know what to do
'Cause I'm falling for you

When I look in your eyes
I can see me and you
Remember this time that will last 'til the end
When I find you in my dreams
I just won't let you go
I'll hold you in my heart
I can't live without you
I can't live without your love



Sim, música em inglês feita por um brasileiro... Estruturas simples, mas palavras lindas! 

domingo, 6 de maio de 2012

CENAS DE LIVRO


"Está escuro..." Alessandro se encaminha para o interruptor. "Não, deixe assim, É mais bonito." Niki está ali, pouco distante dele, no meio de uma moita de jasmins. Arrancou alguns e está mordendo a parte final da flor.

"Humm, Coca-Cola e jasmins... um sonho que me perturba."

"Sim." Alessandro pega o seu copo e se aproxima.

"Poderíamos lançar essa nova bebida no mercado. Jasmim-Cola. O que acha?"

"Complicado. As pessoas amam as coisas simples."

"É verdade, eu também."

"E você, Alex, você me parece tão simples."

Alessandro apoia o copo.

"Parece uma ofensa..."

"Por quê? Simples. Uma alma simples..."

"Mas às vezes as coisas simples são as mais complicadas de alcançar."

"Oh, não seja complicado. Sério! Juntos podemos conseguir... E além disso está claro o que você quer. As coisas que deseja. Se veem, se leem, e mesmo que eu não as tivesse entendido... Ao final, foi o seu coração que as sugeriu para mim."

"Sabe lá o que ele disse... Às vezes mente."

Niki ri e se esconde atrás da moita de jasmins. Pequena. Pequena demais para aquele maravilhoso sorriso.

"Comigo ele foi sincero..."

Niki morde mais um jasmim. Suga o néctar. "Experimente, tem um sabor delicioso. Me dá um beijo?..."

"Niki, mas eu..."

"Shhh... o que tem de mais simples que um beijo?"

"Mas eu e você... é complicado."

"Shhh... deixe o seu coração falar." Niki se aproxima dele. Apoia a mão sobre o coração de Alessandro. Depois o ouvido. E escuta. E bate forte aquele coração emocionado. E Niki sorri. "Viu?, estou ouvindo." E levanta a cabeça. Niki olha para ele nos olhos. E sorri na penumbra do terraço.

"Disse que não..."

"Não, o quê?"

"Que entre você e eu não é complicado. É simples..."

"Ah, é?"

"Sim. E depois perguntei: o que faço, beijo?"

"E o que ele disse?"

"Disse que você se faz de difícil, mas que isso também é simples..."

E Alessandro se rende. E Niki lentamente se aproxima. E depois o beija. Doce. Amável. Tenra. Macia. Leve. Como um jasmim. Como Niki. Pega os braços que Alessandro mantém abaixados, abandonados, e os coloca no seu pescoço. E continua a beijá-lo. Agora com mais paixão. Alessandro não consegue acreditar. Diabos. Mas ela só tem dezessete anos. Vinte anos menos que eu. E o vizinho? E se estiver olhando? Alessandro abre um pouco um olho. Estamos no meio dos jasmins. A moita nos esconde. Fiz bem em querer todas essas plantas para o meu terraço. E Elena? Meu Deus, Elena tem as chaves da casa! Mas, acima de tudo, ela se foi. Foi ela quem saiu. E Elena não tem nenhuma intenção de retornar. Talvez. Mas em seguida Alessandro abandona todos aqueles pensamentos. Cansativos. Inúteis. Difíceis. Que gostaria que levassem para algum lugar, mas que ao final não levam a nada.

E se deixa amar. Assim, com um sorriso. Um simples sorriso. Niki solta as alças do vestido e o deixa cair ao chão. Depois o afasta com o seu tênis preto Adidas, alto, de boxeador, e fica assim de calcinha e sutiã e nada mais. Apoiada com as costas na moita de jasmins, imersa entre todas aquelas pequenas flores, perdida no perfume, come uma rosa delicadamente desabrochada por acaso naquela moita. Ela, com o perfume de si mesma, com a pele que ainda tem o sabor do mar, com os braços fortes, as pernas com os músculos longos e saltados e um ventre chato, ligeiramente encrespado por músculos educados que não ficam excessivamente à mostra. Niki, toda natureza, sadia, como é próprio de uma amante do surfe.

E agora de Alessandro. E logo depois já estão em alto-mar. Sob o luar, entre as folhas delicadas dos jasmins entreabertos, agora brincando com outra flor. Noite. Com uma carícia desenhar os confins do que se experimenta. Ou, ao menos, experimentar. E se perder naqueles seus longos cabelos ainda ligeiramente molhados. E se debater naquele desejo sufocado, tímido, embaraçado, entre aquele sentir-se despir, descobrir ter medo de ousar. Mas ter vontade. E muita. E prosseguir assim na correnteza do prazer. "Não. não acredito, esta seleção é extraordinária." E continuam assim sobre aquelas notas, docemente em ritmo com as batidas do coração. E em seguida uma peça clássica e outra e mais uma ainda... E encontrar-se de repente no meio de uma tempestade... "I was her she was me, we were one we were free..." entre as ondas longas... "and if there's somebody calling me on, she's the one..." e o vento de paixão... "we were fine ali along..."

Alessandro, quase de olhos fechados, perde-se naquela ressaca que tem o sabor dela, de Niki, de seus beijos, de seu sorriso, dos seus longos suspiros, daquela jovem menina, macia, com sabor de jasmim e de muitas outras coisas mais.

Federico Moccia. Scusa ma ti chiamo amore. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2009.