sexta-feira, 26 de novembro de 2010

CONFISSÃO 1

Toda vez que eu te encontro é como se fosse a primeira vez, com a mesma intensidade do primeiro encontro. Porém, também é como se fosse a última. Absorvo o máximo que posso de ti para que, caso acabe e eu não fique mais contigo, poderei dizer que o aproveitei ao máximo cada minuto que passei contigo.

Não posso dizer que você é meu, da mesma forma que eu não sou sua. Ninguém é de ninguém, apenas de si mesmo. Sou sua quando eu me dou a ti, como agora, mas quando esse momento terminar serei apenas minha. As pessoas se dão no momento da interação, quando se permitem essa doação. No dia que eu quiser me dar a você por inteiro, com todo meu corpo e minha alma, será na intenção do para sempre!

Mas preste atenção: não ser sua não quer dizer que eu não possa amar-te por inteiro…

sábado, 13 de novembro de 2010

CLARICE LISPECTOR

Já escondi um amor com medo de perdê-lo,  
Já perdi um amor por escondê-lo... 

Já segurei nas mãos de alguém por estar com medo,  
Já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.  

Já expulsei pessoas que amava de minha vida,  
Já me arrependi por isso...  

Já passei noites chorando até pegar no sono,  
Já fui dormir tão feliz,  
Ao ponto de nem conseguir fechar os olhos...

Já acreditei em amores perfeitos,  
Já descobri que eles não existem...  

Já amei pessoas que me decepcionaram,  
Já decepcionei pessoas que me amaram...  

Já passei horas na frente do espelho  
Tentando descobrir quem sou, 

Já tive tanta certeza de mim,  
Ao ponto de querer sumir... 

Já menti e me arrependi depois,  
Já falei a verdade e também me arrependi...  

Já fingi não dar importância a pessoas que amava,  
Para mais tarde chorar quieto em meu canto...

Já sorri chorando lágrimas de tristeza,  
Já chorei de tanto rir...  
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena,  
Já deixei de acreditar nas que realmente valiam...
  
Já tive crises de riso quando não podia..  

Já senti muita falta de alguém,  
Mas nunca lhe disse...  

Já gritei quando deveria calar,   
Já calei quando deveria gritar...

Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns,  
Outras vezes falei o que não pensava para magoar outros...  

Já fingi ser o que não sou para agradar uns,  
Já fingi ser o que não sou para desagradar outros...   

Já contei piadas e mais piadas sem graça,  
Apenas para ver um amigo mais feliz... 

Já inventei histórias de final feliz   
Para dar esperança a quem precisava... 

Já sonhei demais,  
Ao ponto de confundir com a realidade...

Já tive medo do escuro,  
Hoje no escuro "me acho... me agacho... fico ali"... 

Já caí inúmeras vezes  
Achando que não iria me reerguer,  
Já me reergui inúmeras vezes  
Achando que não cairia mais...  

Já liguei para quem não queria  
Apenas para não ligar para quem realmente queria... 

Já corri atrás de um carro,  
Por ele levar alguém que eu amava embora.  

Já chamei pela mamãe no meio da noite  
Fugindo de um pesadelo, mas ela não apareceu  
E foi um pesadelo maior ainda...  

Já chamei pessoas próximas de "amigo"  
E descobri que não eram;  
Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada  
E sempre foram e serão especiais para mim...

Não me deem fórmulas certas,
Porque eu não espero acertar sempre...
Não me mostre o que esperam de mim,  
Porque vou seguir meu coração!...  
Não me façam ser o que eu não sou,  
Não me convidem a ser igual,  
Porque sinceramente sou diferente!...  
Não sei amar pela metade,  
Não sei viver de mentiras,  
Não sei voar com os pés no chão...  
Sou sempre eu mesma,

Mas com certeza não serei a mesma para sempre

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

NA MINHA TERRA – ÁLVARES DE AZEVEDO


Laisse-toi donc aimer! Oh! l’amour c’est la vie!
C’est tout ce qu’on regrette et tout ce qu’on envie,
Quand on voit sa jeunesse au couchant décliner!
...............................................................................
La beauté c’est le front, l’amour c’est la couronne:
Laisse-toi couronner!

V. HUGO

I

Amo o vento da noite sussurrante
A tremer nos pinheiros
E a cantiga do pobre caminhante
No rancho dos tropeiros;

E os monótonos sons de uma viola
No tardio verão,
E a estrada que além se desenrola
No véu da escuridão;

A restinga d’areia onde rebenta
O oceano a bramir,
Onde a lua na praia macilenta
Vem pálida luzir;

E a névoa e flores e o doce ar cheiroso
Do amanhecer na serra,
E o céu azul e o manto nebuloso
Do céu de minha terra;

E o longo vale de florinhas cheio
E a névoa que desceu,
Como véu de donzela em branco seio,
As estrelas do céu.

II

Não é mais bela, não, a argêntea praia
Que beija o mar do sul,
Onde eterno perfume a flor desmaia
E o céu é sempre azul;

Onde os serros fantásticos roxeiam
Nas tardes de verão
E os suspiros nos lábios incendeiam
E pulsa o coração!

Sonho da vida que doirou e azula
A fada dos amores,
Onde a mangueira ao vento que tremula
Sacode as brancas flores...

E é saudoso viver nessa dormência
Do lânguido sentir,
Nos enganos suaves da existência
Sentindo-se dormir...

Mais formosa não é, não doire embora
O verão tropical
Com seus rubores... a alvacenta aurora
Da montanha natal...

Nem tão doirada se levante a lua
Pela noite do céu,
Mas venha triste, pensativa e nua
Do prateado véu...

Que me importa? se as tardes purpurinas
E as auroras dali
Não deram luz às diáfanas cortinas
Do leito onde eu nasci?

Se adormeço tranqüilo no teu seio
E perfuma-se a flor,
Que Deus abriu no peito do poeta,
Gotejante de amor?

Minha terra sombria, és sempre bela,
Inda pálida a vida
Como o sono inocente da donzela
No deserto dormida!

No italiano céu nem mais suaves
São da noite os amores,
Não tem mais fogo o cântico das aves
Nem o vale mais flores!

III

Quando o gênio da noite vaporosa
Pela encosta bravia
Na laranjeira em flor toda orvalhosa
De aroma se inebria...

No luar junto à sombra recendente
De um arvoredo em flor,
Que saudades e amor que influi na mente
Da montanha o frescor!

E quando, à noite no luar saudoso
Minha pálida amante
Ergue seus olhos úmidos de gozo
E o lábio palpitante...

Cheia da argêntea luz do firmamento,
Orando por seu Deus,
Então... eu curvo a fronte ao sentimento
Sobre os joelhos seus...

E quando sua voz entre harmonias
Sufoca-se de amor
E dobra a fronte bela de magias
Como pálida flor...

E a alma pura nos seus olhos brilha
Em desmaiado véu,
Como de um anjo na cheirosa trilha
Respiro o amor do céu!

Melhor a viração uma por uma
Vem as folhas tremer,
E a floresta saudosa se perfuma
Da noite no morrer...

E eu amo as flores e o doce ar mimoso
Do amanhecer da serra
E o céu azul e o manto nebuloso
Do céu da minha terra!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

SONHO...

Sim, mas uma vez sua mãe viajara e a deixara em casa sozinha. Apesar de ter sua liberdade, ela tinha medo. Na verdade não era medo, mas um leve receio. Tudo isso por conta do seu vizinho. Sabe aqueles tipos estranhos que dão medo, mas que ao mesmo tempo atrai? Sim, ele era exatamente deste tipo.

Toda vez que ficava só em casa, a porta era trancada - muito bem trancada, e as janelas sempre fechadas. Melhor prevenir do que remediar, né!? A entrada era comum às duas casas, mas um espaço separava as duas residências. Porém, não era o suficiente para evitar que ela visse as esquisitices do vizinho.

Ele morava sozinho. Não sabia do que vivia, pois sempre estava em casa e os amigos visitando com frequência. Parecia não ser tão afeito ao banho e suas roupas sempre desmanteladas. Gostava de rock, tinha um cabelo na altura dos ombros e tinha um físico magro (aquele tipo aceitável).
Qual o verdadeiro sentimento que tinha em relação a ele? Não sabia, mas achava que o asco era, com certeza, maior que o desejo. Era estranho pensar em ter algo com aquele tipo estranho, pois ele era muito, muito estranho.

Durante as férias, ficava em casa observando-o. Era seu passatempo predileto. Televisão ligada apenas para disfarçar. A principal mania dele era pegar a guitarra e imitar os grandes astros do rock. Acredite: diversão garantida.

Neste momento estava de férias e com a mãe viajando. Toda vez que abria a porta (sempre com muita cautela), imagina que ele apareceria e rolaria aquele sexo selvagem, mas em seguida sentia receio por imaginar aquilo.

Certo dia, uma amiga sua, Paula, foi visitá-la. Colocou-a para dentro de casa em uma velocidade extrema, pois o vizinho estava abrindo a porta. Paula riu e perguntou o porquê daquilo. Ela então explicou toda a situação. Claro que a amiga riu, mas deixou de lado. Passaram a tarde juntas, rindo e se divertindo.

Na hora de ir embora, Paula estava no telefone. O que isso tem a ver com a história? Tudo! Foi exatamente este fato que fez tudo acontecer. Ela não iria abrir o portão por causa do vizinho. O problema foi que Paula demorou a abrir o portão. Claro que ela não fecharia a porta e deixaria a amiga a mercê de um possível ataque do vizinho.

Paula abriu, saiu e fechou. Neste momento, ela ia fechando a porta quando o vizinho coloca o pé e a impede de fechá-la. Meu Deus! O que eu mais temia e desejava está acontecendo! O desespero bateu, mas a vontade também.

O vizinho já chegou preparado e a agarrando. Levou-a direto a uma mesa que tinha na sala. Para um magrelo, ele tinha uma força extraordinária. Segurou-a e beijou-a totalmente. Ela tentava resistir. A coisa não seria tão fácil assim. Mas o desejo falou mais alto que o asco (seu maior temor). Ela então se deixou levar por aquela emoção.

Ela relaxou nos braços do vizinho. Sua salvação e sua condenação. Agarrou-o pelo membro já rijo. Massageou até sentir os gemidos em seu ouvido. Aquilo serviu apenas para atiçá-la mais. Beijou-o como nunca beijara alguém antes. Todo desejo e toda paixão presente na união daqueles lábios.

Passeou por todo seu corpo até chegar novamente ali, seu atual lugar preferido. Não aguentava mais. Abaixou e beijou aquele lugar, passou a língua por toda parte, massageou até que o abocanhou por completo. Que delícia sentir o sexo em sua boca. Fez tudo como se fosse a última coisa que faria na vida. Maravilhoso sentir os gemidos em seu ouvido. Saber que aquilo esta proporcionando um prazer a outrem.

Sentiu-se como uma puta. Se era uma, então por que não agir como tal? Liberou assim seu lado mais selvagem há muito adormecido. Continuou a lamber, a masturbá-lo e a colocá-lo por completo na boca. Fez tudo como uma louca, sem pudor e sem ressentimentos. Em pouco tempo, sentiu o líquido de seu homem encher sua boca.

Ao se sentir saciado, o vizinho puxou-a e a beijou. Compartilhar aquele momento. Agora era a sua vez de sentir o que é um homem de verdade. Deitou-a no chão, deitou-se sobre ela e começou a explorar todo aquele corpo. Começou pela orelha, desceu para nuca. Passou pela boca, chegou ao colo e até os seios.

Chegando ali, sentiu o corpo dela arrepiar, tremer, agitar-se. Passou a língua pelos mamilos, sugou e acariciou-os. Desceu para a barriga. Foi para o pé e voltou beijando toda a perna, virilha. Até que chegou ao mais esperado: o sexo dela. Já estava totalmente umedecida. Passou a língua por toda a extensão, sentiu o gosto daquela mulher que tremia a cada toque seu.

Explorou todas as partes, conhecendo cada pedaço daquela parcela de céu que era apenas sua naquele momento. Chegou ao clitóris e trabalhou ali. A cada movimento um gemido. O dedo penetrando-a, explorando aquele lugar que logo seria preenchido. Logo ela estava gozando na boca do vizinho.

Mais um beijo apaixonado. Mas a noite não acabara ali. Totalmente excitados, mesmo depois de gozarem, ele a penetrou. Sentiram a pressão daquela entrada. A cada penetração mais uma sensação nova, nunca antes sonhada. Como pode aqueles vizinhos antes tão estranhos ter uma sinergia tão intensa na cama?

Os suspiros aumentam e a respiração cada vez mais ofegante. Só existia os dois e mais ninguém. Cada movimento totalmente sentido, intensificando o prazer. Até que os dois não mais aguentam e gozam juntos, compartilhando aquele momento tão maravilhoso e novo.

Ficam abraçados por um tempo, recuperando-se daquele momento intenso. Ele então se levanta e vai para casa. Ela vai para o banheiro tomar banho. Volta, deita no sofá, liga a televisão. Volta a observar o vizinho. Volta a ter asco e desejo. O medo continua. Tudo normal novamente. A diferença agora é o sorriso nos lábios.