domingo, 6 de maio de 2012

CENAS DE LIVRO


"Está escuro..." Alessandro se encaminha para o interruptor. "Não, deixe assim, É mais bonito." Niki está ali, pouco distante dele, no meio de uma moita de jasmins. Arrancou alguns e está mordendo a parte final da flor.

"Humm, Coca-Cola e jasmins... um sonho que me perturba."

"Sim." Alessandro pega o seu copo e se aproxima.

"Poderíamos lançar essa nova bebida no mercado. Jasmim-Cola. O que acha?"

"Complicado. As pessoas amam as coisas simples."

"É verdade, eu também."

"E você, Alex, você me parece tão simples."

Alessandro apoia o copo.

"Parece uma ofensa..."

"Por quê? Simples. Uma alma simples..."

"Mas às vezes as coisas simples são as mais complicadas de alcançar."

"Oh, não seja complicado. Sério! Juntos podemos conseguir... E além disso está claro o que você quer. As coisas que deseja. Se veem, se leem, e mesmo que eu não as tivesse entendido... Ao final, foi o seu coração que as sugeriu para mim."

"Sabe lá o que ele disse... Às vezes mente."

Niki ri e se esconde atrás da moita de jasmins. Pequena. Pequena demais para aquele maravilhoso sorriso.

"Comigo ele foi sincero..."

Niki morde mais um jasmim. Suga o néctar. "Experimente, tem um sabor delicioso. Me dá um beijo?..."

"Niki, mas eu..."

"Shhh... o que tem de mais simples que um beijo?"

"Mas eu e você... é complicado."

"Shhh... deixe o seu coração falar." Niki se aproxima dele. Apoia a mão sobre o coração de Alessandro. Depois o ouvido. E escuta. E bate forte aquele coração emocionado. E Niki sorri. "Viu?, estou ouvindo." E levanta a cabeça. Niki olha para ele nos olhos. E sorri na penumbra do terraço.

"Disse que não..."

"Não, o quê?"

"Que entre você e eu não é complicado. É simples..."

"Ah, é?"

"Sim. E depois perguntei: o que faço, beijo?"

"E o que ele disse?"

"Disse que você se faz de difícil, mas que isso também é simples..."

E Alessandro se rende. E Niki lentamente se aproxima. E depois o beija. Doce. Amável. Tenra. Macia. Leve. Como um jasmim. Como Niki. Pega os braços que Alessandro mantém abaixados, abandonados, e os coloca no seu pescoço. E continua a beijá-lo. Agora com mais paixão. Alessandro não consegue acreditar. Diabos. Mas ela só tem dezessete anos. Vinte anos menos que eu. E o vizinho? E se estiver olhando? Alessandro abre um pouco um olho. Estamos no meio dos jasmins. A moita nos esconde. Fiz bem em querer todas essas plantas para o meu terraço. E Elena? Meu Deus, Elena tem as chaves da casa! Mas, acima de tudo, ela se foi. Foi ela quem saiu. E Elena não tem nenhuma intenção de retornar. Talvez. Mas em seguida Alessandro abandona todos aqueles pensamentos. Cansativos. Inúteis. Difíceis. Que gostaria que levassem para algum lugar, mas que ao final não levam a nada.

E se deixa amar. Assim, com um sorriso. Um simples sorriso. Niki solta as alças do vestido e o deixa cair ao chão. Depois o afasta com o seu tênis preto Adidas, alto, de boxeador, e fica assim de calcinha e sutiã e nada mais. Apoiada com as costas na moita de jasmins, imersa entre todas aquelas pequenas flores, perdida no perfume, come uma rosa delicadamente desabrochada por acaso naquela moita. Ela, com o perfume de si mesma, com a pele que ainda tem o sabor do mar, com os braços fortes, as pernas com os músculos longos e saltados e um ventre chato, ligeiramente encrespado por músculos educados que não ficam excessivamente à mostra. Niki, toda natureza, sadia, como é próprio de uma amante do surfe.

E agora de Alessandro. E logo depois já estão em alto-mar. Sob o luar, entre as folhas delicadas dos jasmins entreabertos, agora brincando com outra flor. Noite. Com uma carícia desenhar os confins do que se experimenta. Ou, ao menos, experimentar. E se perder naqueles seus longos cabelos ainda ligeiramente molhados. E se debater naquele desejo sufocado, tímido, embaraçado, entre aquele sentir-se despir, descobrir ter medo de ousar. Mas ter vontade. E muita. E prosseguir assim na correnteza do prazer. "Não. não acredito, esta seleção é extraordinária." E continuam assim sobre aquelas notas, docemente em ritmo com as batidas do coração. E em seguida uma peça clássica e outra e mais uma ainda... E encontrar-se de repente no meio de uma tempestade... "I was her she was me, we were one we were free..." entre as ondas longas... "and if there's somebody calling me on, she's the one..." e o vento de paixão... "we were fine ali along..."

Alessandro, quase de olhos fechados, perde-se naquela ressaca que tem o sabor dela, de Niki, de seus beijos, de seu sorriso, dos seus longos suspiros, daquela jovem menina, macia, com sabor de jasmim e de muitas outras coisas mais.

Federico Moccia. Scusa ma ti chiamo amore. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2009.

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